Uma hora ou outra o sono seria obrigado a chegar, afinal, tínhamos
dias cheios de programação e a noite ainda íamos que bater ponto no nosso pub
preferido. Tínhamos mais uma vez
uma agenda repleta de passeios, iniciando por
uma missa em um mosteiro, que é também uma escola para meninos. O lugar era
espetacular, uma construção medieval, com séculos de existência.
Glenstal Abbey,
localizada em Murroe, condado de Limerick. A abadia está localizada em Glenstal
Castle e, ao lado dele, um castelo normando construído pela família Barrington.
O mosteiro dirige uma escola secundária de internato para todos os meninos em
sua área, a Glenstal Abbey School , que abriga aproximadamente duzentos
estudantes.
A programação do
dia começou com uma missa na abadia, que era serena, e o silencio da igreja só
aumentava meu sono. Eu a acompanhava, até que cochilei de pé. Sim, isso mesmo
que você está lendo, eu simplesmente cochilei de pé e quase caí. No meio da
queda acordei e me sentei no banco, fazendo um grande barulho. Tentei
disfarçar, mas os que já tinham notado minhas cochiladas perceberam do que
aquilo estava se tratando. Por outro lado, para os que conseguiram acompanhar a
missa, foi uma experiência impressionante ouvir a sonoridade lírica dos cantos
gregorianos entoados, em latim e em inglês, pelo coral - também composto só de
meninos -, bem como escutar a homilia, em que o padre que presidia a celebração
comparava a palavra de Deus com um presente dado aos fiéis, mas que muitos
mantinham “dentro da embalagem”. Outro dado interessante era que os alunos da
escola que acompanhavam a missa, meninos mais ou menos entre 12 e 16 anos, não
pareciam tão interessados na cerimônia quanto os adultos presentes; enquanto
estes, sisudos e contritos, mantinham os olhos voltados para o altar, aqueles
se distraíam com qualquer movimentação, e sempre olhavam ao redor, parecendo
procurar alguma coisa, ou talvez interessados em saber quem eram as pessoas
atípicas daquele grupo miscigenado que nós éramos.
Durante toda a nossa estadia na Irlanda esse foi o
único dia de chuva, o que não é muito comum por lá, pois geralmente o comum são
dias cinzentos e com uma garoa constante. Inclusive quando chegávamos nos
lugares todos diziam “Muito obrigado, vocês trouxeram o sol junto com vocês”. A
gente estava se achando, até que, no dia que mais precisávamos do sol, ele
resolveu não aparecer.
Do mosteiro seguimos para Clare e nosso almoço era
em Lahinch. Que é uma pequena cidade na Baía de Liscannor, na costa noroeste do
Condado de Clare, na Irlanda. A cidade tornou-se um popular local para o surf.
Após o almoço fomos passear pela praia e foi uma experiência um pouco diferente
para nós que estamos acostumados a frequentar a praia em dias de sol e calor,
mas mesmo com chuva e frio o local estava lotado, muita gente surfando e também
brincando na areia.
Foi muito legal ver a empolgação de alguns colegas
que ainda não conheciam o mar. Temos alguns vídeos divertidos de nossa ida até
a praia. Lembro com muita saudade de assistir à reação dos colegas. A alegria
era certa em qualquer passeio.
De lá seguimos para o local que talvez seja o
principal ponto turístico da Irlanda: os Cliffs Of Moher. Sabe aquelas fotos de
expectativa versus realidade? Pois é, foi exatamente o que aconteceu nesse
momento. Eu particularmente esperava muito da visita, pois já tinha visto
inúmeras imagens do local, que parecia surreal de tão lindo, mas chegando lá
não dava de enxergar nem dois metros à nossa frente.
Na volta paramos em uma loja para comprar algumas
lembranças e nos esquentar, enquanto algumas pessoas já aguardavam no ônibus, e
também onde o nosso motorista tocava gaita, no mais alto estilo irlandês.
Saindo de lá ainda paramos em uma local, que não
temos muita certeza, mas que parecia de origem celta, com alguns laços fixados
nas árvores e também algumas mensagens. Não entendemos direito e como a chuva
estava muito forte e o frio também começava a ficar mais intenso, voltamos ao
ônibus para ir a um dos passeios mais esperados da viagem, o banquete no
castelo.
Eu não posso negar que estava muito empolgada com
essa atração, pois sempre quis participar de algo assim. Bem, ele não foi
exatamente como eu pensei; na verdade, não aconteceu dentro do castelo e sim em
um anexo, mas me diverti com a dança, a música, com a comida e o vinho servido
lá. Deu para entrar no clima medieval. Junto ao castelo ainda existia toda uma
vila no estilo Irlandês da idade média, com telhado de palha e as construções
típicas daquela época – eu acho que era essa a vila que o motorista do ônibus
queria me mostrar no dia anterior. O Rodrigo até mesmo subiu no palco para
dançar, acompanhando uma irlandesa. Me emociono até hoje quando ouço “Isle of
Hope, Isle of Tears”. Alguns professores acharam que esse é um típico programa
“pega turista”, e eu concordo, mas gostei.
Apesar de ser um dia cheio, como seria a nossa
última noite em Limerick, nós não podíamos deixar de comparecer ao Dolans,
nosso pub preferido da cidade. Não posso também finalizar os relatos sobre o
pub sem mencionar o senhor que ficou apaixonado pela Raquel. O jovem de cerca
de 80 anos, sempre que a via se abria em sorrisos e vinha para nossa mesa
conversar, a gente acha que ele era o dono do bar, mas o miserável não nos
pagou nem um pint. uhahuauha
Mesmo hoje, cinco meses após a viagem eu ainda me
sinto encantada por Limerick, pela MIC e por tudo o que vivi nesses dias que
passei lá. Certamente, dentro do meu coração existe uma vontade forte de voltar
lá e criar mais algumas saudosas memórias.
0 Comentários