Talvez o estado de encantamento com o qual retornei
da viagem se deva muito à programação desse dia, pois parecia que a gente havia
ido parar dentro de um conto de fadas!
Começamos nosso dia com uma caminhada animada até o
Milk Market. No caminho me diverti com uma história que alguém estava contando,
sobre ter que usar mímica por não dominar o idioma, porém teria que ir em uma
farmácia comprar uma pomada para hemorroida, não sei por que lembrei disso
agora na hora de escrever, mas o fato foi que achei uma boa história para
compartilhar com vocês, certo? Ri muito no dia, imaginando a cena, e ri
novamente ao escrever aqui. Coisa tola.
Voltando ao mercado... Ele é uma graça. É uma
espécie de mercado público, cheio de barraquinhas com produtos orgânicos,
comidas típicas, artistas se apresentando, artesanatos, um lugar bem bacana. Lá
também estavam rolando os atos contra e a favor o plebiscito para a legalização
do aborto que aconteceria em alguns dias. É claro que também nos dividimos
entre os que eram da turma do Yes e os da turma do No. Não sei como, mas ao
entrar lá, me perdi de todo mundo e fiquei boa parte do tempo vagando sozinha,
feito uma boba, procurando por algum conhecido.
O bom é que nesse tempo lá perdida pude aproveitar
para conhecer o local, fazendo uso de todo o meu inglês, até conversei com um
velho senhor músico, que ficou espantado quando eu disse que era brasileira –
sim, aparentemente não me encaixo no estereótipo de brasileira. Logo depois
finalmente encontrei o pessoal e eu e Elis fomos provar um “sanduíche”
tradicional do mercado, coberto de bacon, acompanhado por uma coca gelada. É
claro que o lanchinho fez Kátia ter um ataque de nervos, pois ela odeia nossos
hábitos alimentares.
Saindo do mercado, tínhamos um longo caminho até o
parque Killarney, e o caminho já era um espetáculo à parte. Quantas ovelhas eu
e Elis imitamos? Perdemos a conta. Muitas ovelhas e corvos nos acompanharam
durante a viagem, além é claro de seguirmos assistindo um filme sobre um cavalo
estranho que vivia dentro das casas rsrs – Into the West, o nome desse filme um
tanto quanto peculiar. Eu e o motorista ficamos amigos e ele ia me falando
algumas coisas, que nem sempre eu entendia direito, mas sei que ele queria que
víssemos um pequeno vilarejo com casas cobertas de palha. Nosso ônibus chegou
até mesmo a fazer uma parada, já que parte do assoalho estava soltando – Não se
preocupem, nenhum problema mais grave.
No caminho paramos em um mirante na região de Aghadoe
Heights, simplesmente encantador. Ele dava vista para o lago Killarney de um
azul profundo com algumas ilhas, e para várias montanhas, de diversos tons de
verde. A cerquinha de madeira e alguns cavalos davam um ar bucólico ao local.
Tiramos muitas fotos e rimos muito, parecíamos crianças em um dia no parque, afoitas
por diversão.
Chegando no Parque Nacional de Killarney, fomos
completamente arrebatados pela beleza do local. Também tem uma cena engraçada
de nossa chegada: ventava bastante e a poeira de estrada se levantava em alguns
redemoinhos de vento. Então, quando um desses estava se aproximando da gente,
eu gritei: “Tempestade de areia!”, e me abaixei; o que eu não esperava era que
algumas pessoas fizessem o mesmo e gritassem. Foi engraçado.
Fomos almoçar nossos sanduiches em um local dentro
do parque, um restaurante com boa parte da estrutura em vidro, dava para almoçar
e curtir a paisagem. O parque é muito procurado por praticantes de trekking,
que estavam por lá, fazendo pic nic na grama ou caminhando pelo local.
Os bosques que cobrem a região estão lá desde a
idade do bronze e o local também era muito importante para os humanos que
habitavam a região naquela época, pois estudos revelam que o subsolo ainda
concentra grande quantidade de bronze. O registro desses moradores da pré-história
ainda pode ser encontrado em alguns locais do parque. Naquela região existia
uma vegetação densa, com milhares de árvores de carvalho cobrindo a terra,
porém alguns séculos atrás essas árvores foram extraídas para a produção de
carvão, restando apenas alguns exemplares que ainda chamam a atenção pelo
tamanho e beleza.
Além das imensas árvores, muitas espécies de flores
ornamentam o bosque. Já que estávamos no clima irlandês, imaginamos aquela
terra repleta de Leprechauns, morando debaixo daquelas árvores. Infelizmente
minha GoPro ficou sem bateria, certamente a beleza cênica do local
proporcionaria um vídeo maravilhoso.
Tiramos muitas fotos e literalmente rolamos pela
grama do parque. Inexplicável a energia do lugar – sério, só de lembrar dos
momentos que vivi lá, sinto vontade de sorrir. Fomos até perto do lago para
vê-lo e, de fato, é maravilhoso. Minha vontade era ficar lá deitada na grama,
esperando o tempo passar.
Quando chegamos no ônibus, aconteceu um engano, e
eu e Matheus fomos atrás de algumas pessoas que estavam faltando. Corremos por
boa parte do parque, voltamos ao ônibus botando os bofes pela boca e
descobrimos que o pessoal estava o tempo inteiro dentro do bus. Nessa
corridinha descobri que eu estava em uma forma física pior do que eu imaginava
e do que o espelho já estava me mostrando há algum tempo.
Antes de retornarmos para Limerick, ainda passamos
em um outlet para algumas compras – sim, continuo não gostando de compras, mas
o programa agradou a boa parte do grupo. E vou aproveitar o espaço para fazer
uma revelação: você, parente, conhecido de alguém que viajou para a Irlanda
comigo, ganhou chocolate de lembrança? Viu a data de validade? Hahaha - Encontramos
uma super promoção, uma caixa imensa de Ferrero Rocher, por apenas 2 euros! Era
quase inacreditável, nosso grupo comprou todos, mas só depois percebemos que a
data de vencimento era aquela, aquele dia, logo, estavam praticamente vencidos.
Mas tudo bem, não se preocupem, posso assegurar que o chocolate não causou nenhum
dano a quem o consumiu. Eu, Katia, Elis e Mari aproveitamos para dar uma volta
pela cidade e visitarmos algumas lojas de souvenirs, já que Elis tinha uma
lista grande de presentes para levar para casa.
Como de costume, terminamos a noite no nosso pub
preferido. Depois ainda voltamos pro alojamento e ficamos conversando na rua,
como se não houvesse amanhã. Mas tinha.
1 Comentários
Good days, beaultiful days... saudades eternas! Pelo que eu me lembro nunca ri tanto como nessa última foto com Regina Carol Elis Kátia. muito bom!!
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