No dia 15 de maio eu embarcaria para uma das
melhores viagens de minha vida, mas ainda não tinha me dado conta disso.
No ano passado, eu e mais 29 professores de todo o
Brasil vencemos o Prêmio Professores do Brasil, iniciativa do MEC que premia
experiências exitosas de professores do ensino básico, em diversas categorias.
Como parte do prêmio, recebemos uma viagem de 8 dias para a Irlanda. É obvio
que eu fiquei muito animada e feliz, afinal de contas, sou a Carol e viajar é
uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Mas, eu não esperava que essa
viagem me marcasse tão profundamente como me marcou.
Pensei que conheceríamos a cultura da Irlanda, que
sempre tinha me chamado a atenção, que veríamos mais de perto uma outra
realidade de educação. Contudo, não pensava que iria viver uma experiência tão
plena e maravilhosa quanto vivi. Então, como sempre faço, irei contar aqui no
meu blog como ela foi. Para isso dividirei ela em algumas partes, começando bem
do início...
No dia 14 fui pra Floripa, ficaria na casa da Elis
– outra professora de Santa Catarina premiada – para no dia seguinte irmos
juntas até São Paulo.
Ela tinha um compromisso, então peguei a chave na
portaria e subi. Entrando, estavam seus dois gatos, que aparentemente não
estavam entendendo muito a minha presença lá dentro. Como eles eram os donos da
casa, fiquei na minha, sentadinha em um sofá com eles me encarando, até que
Elis chegou.
Quando ela chegou, ficamos conversando um bom tempo
sobre anarquistas e comunistas e as risadas já começaram por aí. A Elis é
professora de história e venceu a etapa regional com um projeto lindo, chamado
“História na ponta dos dedos”, criado para ensinar a pré-história para um aluno
cego. Projeto lindo!
Enquanto isso, o nosso grupo da viagem no Whatsapp
estava animadíssimo, de norte a sul as pessoas estavam se encaminhando para São
Paulo, de onde pegaríamos o avião, com escala em Amsterdam com destino a Dublin.
Era a primeira viagem internacional de muitos professores e foram semanas de
preparação... pensando em como estaria o clima, quais roupas levar, quais os documentos
necessários e objetos que deveriam estar na mala. Nós aqui do sul não estávamos tão assustados com a possibilidade de baixas temperaturas, mas os
professores do norte e nordeste, acostumados a temperaturas elevadíssimas,
estavam com medo do frio europeu, apesar de ser primavera.
Já no aeroporto de São Paulo começaram os
encontros. Infelizmente, na premiação ocorrida em 2017, também na capital
paulista, não tivemos a oportunidade de nos conhecer efetivamente. Na ocasião,
os professores ficaram agrupados por áreas distintas e não nos relacionamos
muito. Eu não tinha tido contato com muitos dos professores que foram viajar
comigo, mas não existia problema, pois estavam próximos de começar um intensivo
de convivência.
Fomos pouco a pouco nos encontrando e nossas almas
foram se reconhecendo. É claro que a gente foi se juntando por afinidade e o
interessante é que isso já aconteceu no aeroporto de São Paulo. Foi lá que
nosso trio ficou completo, quando encontramos a Katia na fila do check- in. Eu lembrava dela, tinha
conversado com Katia apenas no aeroporto, quando estávamos voltando para casa
em 2017. Mas, já tinha simpatizado muito com ela, pois, apesar de gaúcha,
reconhecia que Santa Catarina é o melhor lugar do mundo - hahaha. A Katia
também tem um projeto espetacular, chamado "Conta uma História?!" -
um projeto pró-inclusão escolar, literatura e acessibilidade. Foi no aeroporto
de São Paulo que tomamos a nossa primeira cerveja – de muitas que viriam
durante a viagem – Ps: até hoje me lamento por ter perdido essa foto.
Como tínhamos um bom tempo até partimos,
aproveitamos para conversar, saber mais sobre cada um dos professores
que se preparavam para cruzar o oceano rumo ao velho mundo.
Eu e Elis fizemos uma bobagem. Para ficamos
sentadas juntas, resolvemos pedir para a moça da cia. aérea mudar nossos assentos,
mas com isso acabamos ficando separadas do restante da turma e, segundo relatos,
lá atrás a viagem foi agitadíssima. Não que a nossa não tenha sido. Como alguns
de vocês sabem, eu as vezes travo na hora de falar inglês e como sou meio
“matuta” fico com um pouco de vergonha de falar com as aeromoças. Assim, eu e
Elis tínhamos um plano, iríamos pedir vinho. Então, quando percebemos que ela
estava se aproximando, começamos a treinar “White wine please!”, “White wine
please!”. O que a gente não tinha se dado conta era de que o homem que estava
conosco na fileira de bancos era brasileiro. Então, como ele percebeu que a
gente estava morrendo de vergonha de pedir, quando a aeromoça chegou, ele pediu
para gente, sendo super gentil. Aliás, foi ele que pediu em todas as quatro
vezes que pegamos garrafinhas de vinho ... hahahaha. Conversamos boa parte da
viagem, ele nos contou sua história de vida e fizemos algumas excursões até o
banheiro. Durante o voo aproveitamos para assistir também ao filme “Pantera
Negra”. Ps: Talvez eu tenha ficado levemente embriagada.
Chegando em Amsterdam, nos reunimos novamente. Tínhamos
mais algumas horas por ali. Como o tempo não era suficiente para sair do aeroporto,
resolvemos encontrar algumas coisas para fazer dentro dele, mas as atividades
se resumiam em passear pelas lojinhas de lembrancinhas. Vale ressaltar que
apesar de já ter estado na Holanda antes, foi nesse dia que fiquei cara a cara
com as famosas tulipas – ainda que apenas expostas em uma loja. Almoçamos no
aero e acho que é dispensável mencionar que comida de aeroporto nunca é boa e,
pior do que isso, é cara – eu ainda não havia superado o fato de ter pago 32
reais em uma batata recheada em SP e tive que pagar caro e em euro por uma
salada muito ruim. Foi ali também que fizemos o trato de que tínhamos que tomar
uma cerveja em cada conexão e, como estávamos na casa da Heineken, seria muita
desfeita não degustarmos uma “tulipa”, não é mesmo?
De Amsterdam fomos direto para Dublin e do alto a
Irlanda já nos encantava! Eram tantos tons de verde, dava de se perder por
eles. Do aeroporto de Dublin pegamos um ônibus até o sudoeste da ilha em uma
cidade chamada Limerick. Sim, Limerick é a cidade onde se formou uma das bandas
mais conhecidas da Irlanda, The Cranberries, que é também uma das favoritas da
minha vida. Mas ela não é só isso não, a cidade também é a terra da Mary Immaculate
College, do Dolans e de um montão de outras coisas legais que vocês vão
conhecer nas próximas postagens.
Chegando em Limerick, fomos nos estabelecer no Courtbrack, as
acomodações dos estudantes da Mary I. Sabe filme americano, nos quais os
estudantes moram na universidade? Cada um com seu quarto? Pois é, ficamos em um
desses e foi uma experiência bem bacana!
Nos acomodamos e fomos jantar no Dolans Pub – se
você vir um pub com esse nome no novo livro da Eva, não estranhe. E vá se
acostumando, você vai ler muito esse nome – e a nossa imersão na cultura
Irlandesa estava começando. Foi uma viagem longa, mas estávamos prontos para o
que tinha por vir!
- Garçom, traga uma Guinness, por favor!
3 Comentários
Absolutamente real, fantástico e emocionante! Que continuem os relatos! Quero reviver tudo, Carolzinha!! bjbj da sua fã no. 1!
ResponderExcluirSimplesmente maravilhoso! Vou relatar minha experiência também. Foi adrenalina pura!
ResponderExcluirQue top! É como reviver tudo contado por outro ângulo. Se cada um de nós tivesse essa disposição de relatar essa experiência seriam tantas histórias hein Carol. Kkkk
ResponderExcluirPor favor, não demore a escrever o segundo dia.
Tenho meus relatos pessoais no meu caderninho de anotações, mas ler tudo de outro referencial é muito melhor.
Que venham os próximos dias!