Ir a Veneza sem passear de gôndola pelos seus
canais é como ir até Paris e não visitar a Torre Eiffel, mas eu só consegui
cumprir esse objetivo aos 45 do segundo tempo, e olha que fiquei 4 dias em
Veneza.
É caro passear pelos canais, um valor que eu não
poderia – nem estaria disposta – a pagar. Uma volta normal custa 80 euros, o
que convertido, daria quase 400 reais, sem condições, então o jeito foi
procurar por outras alternativas. Descobri que existem alguns sites para a
reserva, mas não entendi muito bem como funcionavam e o valor ainda continuava
alto. Procurei por parceiros em grupos de redes sociais – vários – também sem
sucesso. Então fiz mais uma busca por soluções e descobri um app criado
especialmente para isso, o KiShare, que permite que as pessoas compartilhem – e
dividam o valor de – alguns serviços, entre eles o das gôndolas.
A solução para os meus problemas!
Achei um grupo que faria o passeio as 14 horas e
fiquei por perto do local do ponto de encontro. Matei tempo tomando um café na
Praça San Marco, embalada pelas músicas maravilhosas tocadas por uma orquestra.
Fiquei lá por mais de duas horas esperando, observando o vai e vem de pessoas –
e de aves.
Hora do encontro, segui para local. No caminho uma
das pessoas do grupo – um homem, que havia feito a reserva para ele e outra mulher
– enviou a mensagem: “Precisamos pelo menos de mais um homem”. Não entendi,
segui o caminho e fiquei lá, aguardando alguém chegar. Enviei mensagem
confirmando, mas não tive resposta, o tempo foi passando, passando e não
apareceu ninguém. O sonho havia acabado. Fiquei arrasada, como assim?
Definitivamente eu não andaria de gôndola, pois
logo pegaria o trem.
Resolvi comer algo no caminho de volta para o hotel - um risotto, que não chegava nem aos pés do servido no La Fontana - e depois segui triste pelo labirinto que me levaria até minhas malas – já havia
feito check out, havia apenas deixado as malas lá guardadas.
Um gondoleiro me ofereceu o passeio, eu parei e
disse que era muito caro, com uma super cara de cachorro abandonado. Ele me
ofereceu um desconto, faria por 70 euros, eu disse que mesmo assim não poderia
e que estava em busca de uma forma de compartilhar o passeio. Ele falou que se
eu quisesse esperar, poderia ser que ele encontrasse alguém para compartilhar
comigo. Fiquei por ali por uns 15 minutos e ele, sendo extremamente gentil, me
enfiou em um passeio junto com dois russos – um homem e uma mulher, que acho
que não eram um casal. E o melhor, o russo era tão mão de vaca que ele
conseguiu que o gondoleiro fizesse por 60 euros, ou seja... 20 euros para cada.
Valeu muito a pena.
É apaixonante e certamente o passeio vai ficar em
minha memória por toda a minha vida.
A princípio pensei que fosse enjoar – pobre – mas depois
entrei no clima de romance e embarquei em um passeio fantástico, cheio de
histórias e belas paisagens.
O percurso da gôndola varia de acordo com o local
onde o passeio começa. Você pode perguntar ao gondoleiro, mas o mais importante
é que você peça para que ele inclua os canais menores – canali minori . Dentro
desses canais você irá ver uma Veneza onde só a gondola te leva, pois não
existe um outro meio de chegar. É Veneza em um ângulo completamente diferente
do visto de cima das pontes, é espetacular.
As fachadas dos palácios, as hortas e jardins
secretos, as casas de personagens famosos e um silêncio que só é quebrado com o
sinal sonoro que o gondoleiro faz para avisar ao outro que vai passar, ou seja,
a buzina deles.
É um momento para admirar este lugar único e se surpreender
com a ideia quase que improvável de uma cidade construída sobre a água.
É Veneza não cansando de ser apaixonante!
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