Trekking Pedra Branca - 2016


Quando eu era pequena a Pedra Branca era meu lugar preferido no mundo. Ir para o Sítio do meu avô sempre foi uma alegria. Lembrarei para sempre de nossas idas para a “Água Fria”, de quando eu sentada em se colo ia dirigindo sua pick-up amarela ou o guiando, quando ele fazia de conta que esquecia o caminho. Ouvi mil histórias, sobre o frio, os bugres e as cobras, vivi um milhão de aventuras por aqueles matos e sempre que vou lá não tem como evitar toda essa nostalgia.

No dia 30 de abril, subi novamente até um lugar maravilhoso no início do Campo dos Padres, o Peral da Pedra Branca. Dessa vez fui com o grupo Anunnaki Trilhando de Blumenau. Conheci a Bell – integrante do grupo e que organizou tudo para essa trilha – em janeiro, pelo face e desde então estava esperando a oportunidade de subir até lá com eles e como não poderia ser diferente, foi espetacular.
Convidei alguns amigos para subir também, a princípio iriamos em quatro pessoas, porém devido a alguns empecilhos, fomos só eu e a Su.
Acordamos cedo, as 5:30 e a temperatura aqui embaixo – no centro – era de 6 graus. Seguimos de carro até a Hospedaria das Montanhas, onde conhecemos o pessoal do Anunnaki. Nove pessoas, vindas de Blumenau e Brusque.

Novamente Seu Edilio seria nosso guia e não poupo elogios a ele. Pessoa extraordinária que com 68 anos ainda sobe e desce aquela trilha como ninguém. Nos contou várias histórias, sobre guardados, bugres, leões baios e outros contos e lendas da região. Muito paciente e doce nos guiou com tranquilidade, só não ficava muito tranquilo quando algum de nós inventava de se arriscar na beira do penhasco, procurando a pose perfeita.
Iniciamos a subida as 7:00 da manhã e a maior diferença entre essa trilha e a do ano anterior era o tempo, que desta vez desde cedo apresentava um céu de azul intenso.
Suzanne pensava que não iria conseguir subir, porém mostrou ter muito folego e foi puxando a fila. No começo, a trilha acontecia em meio a pastagens, atravessando alguns riachos e aos poucos ia adentrando uma mata cheia de nascentes e árvores centenárias. A subida apesar de forçada, foi bastante tranquila. Dessa vez quando cheguei ao platô não me decepcionei, pois sabia que não era apenas aquilo. Ao chegarmos a serração tinha baixado e fiquei com medo do tempo fechar, porém aconteceu a viração e o tempo limpou novamente.

Após uma pequena parada para a alimentação, encaramos o “facão”, dessa vez com vista plena por ambos os lados. O facão tem esse nome por ser uma passarela de pedra com cerca de 3m de largura com precipício dos dois lados. Esse trecho é maravilhoso e dependendo do vento gera até uma certa adrenalina.

Todo o trajeto até a ponta da Pedra Branca foi diferente para mim, pois a vista sem neblina é completamente diferente e ainda mais esplendorosa. A natureza caprichou nesse pedacinho de Alfredo Wagner. Para todo lado que se olhe não tem como não se admirar com toda aquela beleza.
Comtemplamos a vista do peral branco e fomos até um local de onde se podia avistar o centro de Alfredo Wagner. Lá existe uma pedra, que rendeu boas fotos e também fez o coração de seu Edilio quase parar com a audácia de alguns. De lá, seguimos ao nosso destino final, o peral da Pedra Branca.
Já passava do meio dia quando finalmente chegamos ao local e dava para perceber no rosto de todos, a surpresa com a vista que se tem lá de cima. É impossível tentar explicar com palavras quão maravilhoso é o lugar. As árvores, as montanhas que o cercam, a altura – 1666 metros – a energia, o ar que se respira lá em cima... são uma série de fatores que tornam o alto da Pedra Branca um lugar encantador. Estar em cima daquele imponente peral é experiência única.

Para volta estavam reservadas muitas risadas, que já começaram em nossa sessão de fotos. Entre o grupo existiam alguns professores e praticantes de Ioga, que tiraram fotos belíssima em algumas posições, logo qualquer pose que nós, meros mortais, fossemos tentar fazer lá em cima, pareciam patéticas, mesmo assim nos esforçamos e garantimos boas fotos – uma delas inclusive fazendo eu levar um esporro de minha mãe, por estar deitada muito próxima ao precipício.

Na volta encontramos as turfeiras, que se mostraram menos traiçoeiras do que na última visita e não lembrando de seu nome oficial a chamávamos de “Tufas Úmidas”. (Turfeiras - nome local para um tipo de vegetação rasteira, “esponjosa”, que acumula água e é o terror de quem caminha pelos altos das serras catarinense e gaúcha)
Vinicius – um de meus novos amigos - nos contou que quando chegamos a casa de dona Ivone as botas de Su causaram questionamentos, ele achava até que ela era de um GTG, sendo alguma prenda, porém ao fim todos ficaram com inveja das botas, pois muitos molharam seus pés, enquanto Su permaneceu até o fim com eles sequinhos. Na descida devo ter levado cerca de 30 tombos, alguns até consegui disfarçar, fazendo de conta que estava observando bem de perto a vegetação, mas depois, desisti... assumi que estava um desastre morro abaixo.

Seu Edilio ainda nos reservava mais uma surpresa, quando chegamos lá embaixo ele nos levou para conhecer duas cachoeiras lindas e em uma delas até nos contou sobre a lenda de um índio que teria sido morto por um dos colonizadores e jogado em um poço, mas isso eu conto em outra oportunidade...

Suzanne tinha um compromisso e dessa vez não pudemos apreciar a janta de Dona Ivone, que quando retornamos a pousada já estava quase sendo colocada à mesa. Uma pena, pois como sempre deveria estar uma delícia.
Nos despedimos de nossos novos amigos e retornamos para casa, maravilhadas com tudo que vimos durante o dia. Mais um pedaço de Alfredo que mostra o quanto nossa cidade é linda e tem um enorme potencial turístico. 
















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