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Descoberta do ano: é possível comer bem em Buenos Aires. A visita de
2010 até a capital argentina me fez ter a impressão de que não era possível ter
uma refeição decente na cidade, porém percebi que eu estava muito enganada. Em
dois dias e meio por lá devo ter até engordado, foi um festival gastronômico e
conheci uma das melhores carnes do mundo.
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Candida não veio. Minha viagem para Buenos Aires se deu por conta de
um Simpósio para o qual ganhei uma bolsa integral para participar – daqueles
com todas as despesas pagas, passagens, hospedagem, alimentação, inscrição... –
e antes de ir para New York, cidade onde o simpósio aconteceu, fizemos uma
parada em Buenos Aires, para organização e algumas instruções. Do Brasil foram
duas selecionadas, eu e Candida... porém, a Candida não foi, mas só descobrimos
isso no aeroporto, depois de 3 horas de espera. Não foi muito legal e me senti
bastante insegura, mas no final deu tudo certo e tive como companheiros dois argentinos, Jualis e Beatriz.
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Dessa vez fiquei hospedada em Palermo. O bairro Palermo é enorme e
bastante arborizado, repleto de parques. Descobri que pelo seu tamanho, foi
dividido em várias áreas - Viejo, Soho, Hollywood, Chico, Las Cañitas. Eu
fiquei no Palermo Hollywood em uma espécie de flat com uma arquitetura bem
moderna. Um encanto.
Na primeira noite fomos até um restaurante Japonês chamado Osaka. O
restaurante faz uma mescla entre a culinária japonesa e a peruana e o resultado
é maravilhoso. O preço é um pouco alto, mas vale muito a pena se você quiser
desfrutar de sushis diferentes dos habituais - com novos sabores - atendimento
de primeira e um ambiente lindo. Não fizemos uma reserva com antecedência e por
isso acabamos comendo no balcão do bar, mesmo assim foi uma boa experiência e
valeu para ter certeza de que o restaurante merece uma nova visita em futuras
viagens. O Osaka também possui uma excelente carta de vinhos.
No outro dia pela manhã tivemos uma reunião, onde algumas instruções
sobre o programa Education for the future e sobre o Simpósio na Universidade de
Columbia foram repassadas. Depois fomos almoçar e desfrutei de uma das melhores
carnes da minha vida. Comi o corte mariposa – quase morri ao ver o tamanho da
carne, era gigante e não consegui comer nem 1/3, apesar de ter sobrado tanto o
sabor era incrível, chego a ter água na boca só de lembrar.
A tarde fomos passear pelo centro. Fomos de metro até uma estação
próxima a Plaza de Mayo e tiramos aquelas fotos clássicas em frente à Casa
Rosada – finalmente consegui uma foto digna em frente a sede do governo
argentino. Fazia 30 graus em Buenos Aires naquela tarde e um passeio tranquilo
pela plaza, desfrutando das sobras das árvores e da brisa fresca que soprava
era uma ótima opção. Após passarmos algum tempo por ali, fomos até o Obelisco,
outro destino certo dos turistas que querem conhecer a capital argentina. Impossível
visitar o Obelisco e não lembrar da primeira vez que estive em Buenos Aires, acompanhada
por meus amigos em 2010. Foram tantas “indiaradas” e gargalhadas que não tem como não ter o sonho de repetir a dose acompanhada deles.
Café Tortoni – O café foi fundado em 1858 e é um dos cafés mais
antigos da cidade, símbolo de Buenos Aires e do tango, por toda essa fama nem
sempre o cardápio nem sempre apresenta preços tão atrativos, mas vale a pena
conhecer. Uma vez li em um artigo que o Café Tortoni está para Buenos Aires
assim como a Confeitaria Colombo está para o Rio de Janeiro e o Café Brasilero
para Montevideo, não sei se é verdade, mas gostaria de dizer que conheço os
três. Cof Cof. Entre os principais frequentadores do Tortoni estiveram o
escritor Jorge Luis Borges e o ícone do tango Carlos Gardel. Uma das atrações
do local são as estátuas dos dois artistas. No Tortoni tomamos apenas um vinho
branco e jogamos conversa fora. Sim, tomei muitos vinhos nessa viagem e
preciso dizer que me apaixonei por eles. A noite comi um risoto de champignon
maravilho, também acompanhado por um bom vinho, mas dessa vez tinto.
Na manhã seguinte fiquei em casa, não tínhamos nada programado a não
ser um encontro as 10 da manhã. Aproveitei o tempo para escrever um artigo e
organizar algumas coisas da escola, já que não conseguia dormir, provavelmente por
ansiedade. Ao meio dia fomos almoçar no mesmo restaurante do dia anterior e
tratei de pedir algo menor, porém não menos apetitoso e delicioso. Buenos Aires
se revelando um ótimo lugar para comer, o que até então era inédito para mim.
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A tarde acompanhamos uma turma de alunos até o MALBA. Foi interessante
conhecer as metodologias dos professores da Argentina em saídas de campo e
também o comportamento dos alunos deles. O MALBA possui um belo acervo
permanente, e sempre há uma exposição temporária de relevância – porém no dia
da minha visita o andar reservado para essas exposições estava fechado,
justamente para a próxima exposição ser montada. Lá pode-se encontrar obras dos
mexicanos Frida Kahlo e Diego Rivera, e dos brasileiros Tarsila do Amaral e de
Candido Portinari, entre vários artistas latinos, em especial argentinos.
Completa o espaço cultural uma sala de cinema, com títulos alternativos e
festivais. Foi lá que conheci o “Abaporu”. Quem nunca se deparou com ele em um livro de Português é porque
nunca estudou na minha turma. Lembro de uma interpretação de imagem que tivemos
que fazer depois de ler um texto e conhecer a obra, desde então me interessei
pela vida e obra de Tarsila e pela história da semana de arte moderna de 1922.
Uma curiosidade: o Abaporu foi comprado por US$ 1,25 milhão pelo dono do museu
em um leilão em New York – achei super valorizado e devo confessar que fiquei orgulhosa.
O MALBA foi a última atração visitada em Buenos Aires, saindo do Museu
só deu tempo de passar no Flat, tomar banho, pegar as malas e seguir até o aeroporto. Apesar
de ter sido uma visita super rápida deu para conhecer mais um pedacinho de
Buenos Aires, para morrer de saudade de 2010 e descobrir que nem só de pão e macarrão com larvas se vive na Argentina.
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