Minha história como Agente Cultural em Alfredo Wagner



Um pouco sobre a minha história como Agente Cultural em Alfredo Wagner:


Eu cresci ouvindo as histórias contadas pelo meu avô, primeiramente sobre como era sofrida e

diferente a vida quando ele era criança e morava na distante comunidade de Pedra Branca, sobre lendas, histórias de assombração e sobre os bugres. Passei toda a minha infância amando ouvir as histórias dele e sua paixão por Alfredo Wagner.

Eu cresci, e essa paixão, pela cidade e pelas histórias, me acompanhou. Quando estava na universidade, em outra cidade, me incomodava um pouco o fato de que, ao falar sobre minha terra, ninguém conhecia Alfredo Wagner.

— Alfredo Wagner? Mas isso nem está no mapa.

Decidi, então, que se Alfredo Wagner não estivesse no mapa, eu iria colocá-la. Eu queria que o

mundo soubesse sobre nós.

Ainda no ano de 2007, comecei a fazer publicações no meu blog pessoal sobre Alfredo.

Comecei pelos pontos que eu achava que tinham potencial turístico ou que na época eram os mais

conhecidos. Lembro-me de que meu pai me levou de moto até o Lajeado (uma área que, no passado,

era conhecida por pessoas que buscavam se refrescar no rio e curtir belas paisagens), fiz fotos, uma postagem, e várias pessoas viram e gostaram do lugar. A partir daí, fiz mais de 400 postagens sobre Alfredo Wagner ao longo dos anos.

Eu amo viajar e, quando ainda não tinha recursos para viajar para outros lugares, eu viajava por

Alfredo — de carro, a pé, a cavalo, de bicicleta, na garupa da moto do meu pai. O meio de transporte

era o que menos importava; o importante era conhecer Alfredo e usar meu blog para colocá-la no mapa.

Ao longo dos anos, meu blog já acumula quase um milhão e meio de acessos, e muitos deles foram de

pessoas que, assim como eu, queriam conhecer Alfredo Wagner.

Atuo principalmente nas áreas de literatura, educação patrimonial e turismo cultural, com foco na promoção da história e cultura de Alfredo Wagner, ajudando a criar um vínculo entre a população local e sua herança cultural, além de atrair pessoas de fora para conhecer a cidade.

Não me conformei em ficar apenas no blog. Alfredo não tinha quase nada da sua história contada em

livros, e isso também precisava mudar. Para isso, iniciei um projeto na Escola de Educação Básica Silva Jardim, onde estudei e comecei minha carreira como professora, chamado “Conhecendo Alfredo Wagner”. Era um projeto interdisciplinar, em que eu, meus alunos e alguns outros professores tínhamos como objetivo conhecer nossa cidade. Visitamos várias comunidades, entrevistamos muitos idosos e fizemos nosso dever de casa, divulgando tudo o que descobríamos para a comunidade. Afinal de contas, o conhecimento precisa ser compartilhado.

Minhas atividades culturais têm como foco a cidade como um todo, atingindo diversas comunidades de Alfredo Wagner, como Pedra Branca, Demoras, Rio Perito, Santo Anjo, Lomba Alta, Queimados, São Leonardo, Barrinha, Passo da Limeira, Catuíra, entre outras. Essas localidades são importantes, pois representam a história e a diversidade da nossa cidade.

O primeiro passo para o surgimento do meu primeiro livro estava dado. Continuei fazendo

pesquisas e aprofundando o conhecimento sobre pautas que surgiam através dos comentários do blog, e, em 2013, eu tinha meu primeiro livro escrito. Como ainda não tinha condições financeiras de lançá-lo, ele ficou na gaveta. No mesmo ano, fui premiada pelo Prêmio Professores do Brasil do MEC com o projeto, e o mesmo aconteceu em 2014, quando o projeto foi premiado novamente pelo amplo envolvimento que teve com a comunidade.

Em 2016, eu queria ensinar história local para meus alunos dos Anos Iniciais, mas, mesmo com

todo o conhecimento adquirido com o “Conhecendo Alfredo Wagner”, não era fácil, pois ainda não

tínhamos material, e a linguagem não era muito atrativa para aquela faixa etária. Então, tive que

encontrar uma solução. Eu estava sentada na varanda da casa de minha avó, numa madrugada,

esperando uma carona para fazer a trilha do Cambirela, e lembrei-me de um livro chamado Barba Ensopada de Sangue, em que o protagonista passava pelo Cambirela. Então, comecei a pensar que alguém poderia escrever algo se passando em Alfredo Wagner. Poderíamos ter um grande herói, alguém para mostrar ao mundo nossas belezas. Por que não uma mulher para fazer isso? E por que não trabalhar tudo isso em sala de aula com meus alunos? E, quem sabe, a protagonista ter a mesma idade deles e aproveitar tudo isso para ensinar história?

Ali mesmo, em 10 minutos, surgiu Eva Schneider, a garota de 12 anos que viveu em Alfredo Wagner no início do século XX! Ela tinha que ser diferente, tinha que ter uma inteligência avançada para a idade, ter tido acesso a coisas que as crianças comuns do Barracão não tiveram na época. Pronto:

Eva seria filha de um homem muito inteligente, um professor universitário. Ela teria lido muitos livros,

aprendido a raciocinar diferente; enfim, a ideia estava formada. Meu processo de criação foi muito

rápido. Quando fico empolgada, as coisas fluem rapidamente em minha cabeça. Então, os 10 primeiros contos surgiram em menos de dois meses, e paralelamente eu já estava trabalhando com eles na escola e os divulgando no meu blog, para que toda a comunidade pudesse ter acesso e participar, sugerindo temas em enquetes, respondendo quizzes e votando nos concursos de contos que realizei com meus alunos. Ao final do projeto, as outras professoras que o acompanharam disseram que eu tinha que lançar um livro sobre a Eva. Escrevi mais alguns contos e, pronto, a Eva tinha virado um livro.

Claro que entre escrever um livro e lançá-lo existe um grande caminho a percorrer, mas, em

2017, meu sonho se tornou realidade e lancei o livro As Aventuras de Eva Schneide, na Praça da

Bandeira, durante o Festival de Inverno da cidade, que eu ajudava a organizar. Depois do lançamento, o livro já foi utilizado em mais de 20 escolas da região, até mesmo em escolas da capital, como o Colégio Catarinense e o Elisa Andreoli.

O Festival de Inverno da cidade também foi palco do lançamento de mais dois dos meus livros.

O livro Conhecendo Alfredo Wagner tornou-se realidade em 2018, e em 2019 publiquei Eva

Schneider: Fronteiras entre o Amor e a Guerra, onde nossa pequena Eva vive aventuras no Barracão e também na Europa, em meio aos eventos da Segunda Guerra Mundial.

Entre os anos de 2018 e 2019, eu e minha amiga Manuella Mariani começamos a desenvolver um

projeto que consistia em entrevistar idosos de diversas comunidades de Alfredo Wagner, registrar as entrevistas em vídeo, escrever uma reportagem sobre elas e divulgar no YouTube, no meu blog e nas redes sociais. Presencialmente, entrevistamos mais de 15 idosos de diversas comunidades e divulgamos esse material. Como sabemos, em 2020, a epidemia de COVID-19 assolou o Brasil e o mundo, mas não paramos de realizar as entrevistas, que aconteceram online. Entrevistamos mais de 50 pessoas para escrever mais de 30 biografias ou reportagens relevantes, contando a história da nossa cidade. Em 2021, lançamos o livro História da Nossa Gente, e o calor de dezembro não afastou ninguém do salão da

Igreja Evangélica Luterana da nossa cidade, em um lançamento que reuniu mais de 500 pessoas.

Entre escrever duas dissertações de mestrado, uma sobre a imigração alemã em Alfredo Wagner

e seus aspectos na nossa sociedade para uma universidade do Uruguai, e outra para uma universidade da Irlanda, sobre o uso da realidade aumentada na educação — desenvolvi um aplicativo para ser usado juntamente com o primeiro livro da Eva Schneider, e através da realidade aumentada fornecer mais

informações sobre a história e os lugares de Alfredo Wagner aos leitores — fiquei mais algum tempo sem lançar novos livros.

Em 2024, chegou a hora da série As Aventuras de Eva Schneider ganhar seu terceiro volume.

Mais uma vez, Alfredo Wagner é o quintal da Eva, onde ela percorre mais de 10 comunidades, vivendo aventuras e ensinando aos leitores a nossa história. O lançamento foi na Escola de Educação Básica Silva Jardim, onde aprendi minhas primeiras palavras, no pátio onde muitas vezes ralei o meu joelho, quebrei alguns óculos e aprendi a ser professora. Na mesma oportunidade, também lancei meu primeiro romance, Limerick e o

Tempo.

No momento, estou escrevendo o quarto livro da série As Aventuras de Eva Schneider, dessa vez com nossa aventureira percorrendo o Barracão e a América do Sul. Além disso, estou também trabalhando em um projeto chamado: Lousa, Poeira e Histórias: A Educação em Alfredo Wagner, que é uma obra de não-ficção que explora a evolução da educação no município de Alfredo Wagner, desde suas raízes, fortemente influenciadas pela colonização alemã, até os dias atuais. O livro trará uma narrativa rica e detalhada sobre as primeiras escolas da região, as escolas isoladas, destacando as sagas e os desafios enfrentados pelas professoras que precisavam ensinar em classes multisseriadas. Além disso, haverá um

capítulo especial dedicado aos 70 anos da Escola Silva Jardim, um marco significativo na história

educacional da região e dos alfredenses. A obra é fruto de pesquisas históricas, entrevistas com antigos e atuais educadores, e uma contextualização dos aspectos sociais e culturais que moldaram o sistema educacional local.

Contribui para colocar Alfredo no Mapa?

Sim! Eu acredito que meu trabalho foi e continua sendo muito relevante para Alfredo Wagner! 


Linha do tempo:


2007 – Comecei a divulgar a história e o turismo da cidade no meu blog.

2013 – Desenvolvimento do projeto "Conhecendo Alfredo Wagner", visitando as

comunidades, pesquisando e entrevistando moradores.

2016 – Desenvolvimento do projeto "As Aventuras de Eva Schneider", pesquisando e

escrevendo os contos.

2017 – 2018 – 2019 – Ajudei a realizar o Festival de Inverno.

2017 – Lançamento do livro "As Aventuras de Eva Schneider".

2018 – Lançamento do livro "Conhecendo Alfredo Wagner".

2019 – Lançamento do livro "As Aventuras de Eva Schneider – Fronteiras entre o Amor e a

Guerra".

2012 – 2019 – Coordenação voluntária da fanfarra do Silva Jardim.

2015 – 2019 – Organização voluntária e sem fins lucrativos de pedais, trekkings e

caminhadas em Alfredo Wagner.

2018 – 2019 – Desenvolvimento do projeto "Histórias da Nossa Gente", com realização das

entrevistas presenciais com os idosos.

2020 – 2021 – Desenvolvimento do projeto "Histórias da Nossa Gente", com realização das

entrevistas online.

2021 – Lançamento do livro "Histórias da Nossa Gente".

2020 – 2024 – Auxílio voluntário para escolas que queiram desenvolver projetos

semelhantes utilizando a metodologia do livro "As Aventuras de Eva Schneider" para

desenvolver projetos sobre história local.

2024 – Episódio no meu podcast sobre Alfredo Wagner.

2024 – Lançamento do livro "As Aventuras de Eva Schneider: O Livro Secreto dos

Jesuítas".

2024 – Lançamento do livro "Limerick e o Tempo".

2024 – Desenvolvimento do projeto de histórias em quadrinhos com Eva Schneider.

2024 - Desenvolvimento do projeto “As aventuras de Eva Schneider - O olho de Zyagna” 

2024 – Desenvolvimento do projeto "Lousa, Poeira e Histórias: A Educação em Alfredo

Wagner".


Por que estou compartilhando isso? 

Escrevi esse texto para participar de um projeto de cultura da Prefeitura Municipal de Alfredo Wagner e fiquei muito orgulhosa de tudo que fiz até aqui, então resolvi compartilhar! Pois cada passo que dei, como agente cultural de Alfredo Wagner, contei com o apoio de vocês! 



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