Quem diria, completei seis meses longe da minha casa no Brasil. Seis meses em Limerick, esse lugar que desde de que coloquei os pés aqui pela primeira vez, em 2018, senti como se também fosse meu lar.
Nunca me imaginei vivendo longe de Alfredo, longe do Brasil, mas hoje não consigo mais imaginar minha vida sem Limerick. Li no twitter: "I don't see my life without Limerick" e me identifiquei na hora. Eu sinto como se sempre tivesse aguardando o momento de vir para cá, de “voltar” para essa cidade que de forma inexplicável sempre fez parte da minha vida e que agora tendo vindo para cá, nunca mais serei a mesma.
Nesse meio ano por aqui, já aprendi muito e não estou falando apenas da vida acadêmica, estou falando também de aprender mais sobre mim mesma. Aprendi a me ver com outros olhos, observar melhor minhas falhas e saber do que sou capaz. Aprendi muito sobre os outros também, o quanto eles podem ser generosos, amorosos, acolhedores e até mesmo invejosos e mesquinhos. Mas o fato é: se eu for colocar em uma balança tudo de bom e ruim que vivi aqui até agora, as coisas boas são infinitamente maiores do que as ruins e isso me deixa muito feliz. Ontem uma amiga me falou “tu tá numa fase muito boa da vida né?” e a resposta é: Estou! A irlanda tem sido muito boa para mim e é por isso que quando não estou aqui, já sinto saudades.
Durante esses seis meses, tive férias e fiquei quase um mês longe de Limerick, a saudade foi grande, mas quando aterrissei no aeroporto de Dublin, meu coração já começou a se sentir em paz, pois aqui me sinto acolhida, em casa.
Para mim o povo da irlanda é o mais querido de toda a Europa! Não conheço outra gente tão amigável, solícita e encantadora. É sério! Tem muito europeu que vive de fato o “eurocentrismo” e acha que é melhor do que qualquer um, principalmente melhores do que nós da América do Sul, mas aqui na Irlanda nunca senti isso, muito pelo contrário, só tenho a agradecer a maneira como os irlandeses tratam a mim e aos meus colegas. E como já falei em outro desses meus textos, apesar de todas as diferenças vejo muitas semelhanças entre irlandeses e brasileiros.
Acho que Limerick também gosta da gente e quis comemorar nossos seis meses aqui, nos dando um presente. Neve! A neve que tivemos, não pode ser chamada de nevasca, mas os flocos que caíam já foram o suficiente para fazer a alegria dos brasileiros. É incrível, todo mundo volta a ser criança: guerra de bolas de neve, tentativas de construir bonecos, anjos, rodopios e muitos suspiros de emoção são encontrados nessas ocasiões. Não tem nevasca, mas tem avalanche de novos stories, todo mundo quer registrar de todas as maneiras possíveis esses momentos de profunda alegria. Não poderíamos ter recebido um presente melhor!
Para finalizar, a palavra por esses seis meses continua sendo gratidão! Gratidão é o que sinto todo dia por ter tido a oportunidade de estar aqui. Oportunidade de estudar na Mary Immaculate College e de ter conhecido tanta gente incrível e inspiradora - meu colegas e professores. Gratidão e alegria pelas pequenas coisas, como poder escolher entre as centenas de pubs o local para tomar uma Guinness, ver o pôr-do-sol pintando as águas do Shannon, passear pelo Milk Market e sentir todos os seus aromas ou poder ir ao Nancy’s e sempre viver o que chamamos de experiência antropológica.
Gratidão por terem me permitido viver Limerick!
0 Comentários