Notícias da Irlanda


Com certeza sair de Alfredo foi a coisa mais difícil que já fiz em minha vida. Saber que ficarei um ano sem ver a minha gente, as pessoas que mais amo na vida, ainda faz meu coração ficar apertado cada vez que eu penso nisso. 
Mas a gente precisa crescer...
Vir para cá sem dúvidas foi um sonho, um sonho que alimentei desde maio do ano passado, quando voltei para o Brasil completamente apaixonada por esta ilha. Mas, quando o sonho finalmente se tornou realidade, me abalei. Eu viria mesmo? Conseguiria deixar tudo para trás e vir viver essa oportunidade? Foram noites em claro, foi muito difícil, mas aqui estou.
Estando aqui, muitas vezes ainda penso que estou sonhando. Aliás, isso aqui é mais do que sonhei. Já contei para alguns amigos que as vezes eu estou caminhando e penso que isso aqui nem é real. A forma como a educação é tratada, a cordialidade, a simpatia, o quão amistosas as pessoas são... tudo me impressiona. 
A Mary Immaculate College, ou Mary I, para os íntimos, é fantástica. Meus professores são incríveis e todos os envolvidos com nossa estada aqui são tão atenciosos e dispostos a ajudar que fazem com que a gente se sinta acolhido, mesmo estando tão longe de casa. Já aprendi muito nessas duas semanas e sei que isso é apenas uma amostra da quantidade de conhecimento que terei acesso até o final desse curso.
Viver em um país tão diferente do seu, certamente assusta. A única certeza que tenho aqui é a de que irá chover, em algum momento do dia vai chover, isso é fato. Mas todo o resto é novo, o trânsito, a culinária, os esportes, as relações pessoais, O CLIMA... Mas assim, diante de tantas diferenças, estou constantemente encontrando semelhanças entre o Brasil e a Irlanda. Ver o amor que algumas pessoas sentem por Limerick, também me remete a sentimentos de familiaridade, pois sinto nelas o mesmo amor e orgulho que eu mesma sinto pela minha Alfredo Wagner. 
Eu estou convivendo com pessoas que nunca tinha visto na vida, praticamente durante 24 horas por dia e até nesses momentos tenho aprendido muito. São pessoas de todos os cantos do Brasil, de diversas idades, sotaques e formas de viver a vida, mas a convivência está sendo maravilhosa. Aos poucos vão se formando os grupos, as pessoas que escolhemos para ficar mais próximas e ajudarem a fazer desse ano um dos mais memoráveis de nossas existências. Essa será a nossa família por aqui.
Tenho algumas dificuldades, é claro... 
Tenho comido muito pão. Aliás, pão é o que mais como. O que eu comi de pão nessas duas semanas equivale ao montante de todo o pão que eu havia comido em toda a minha vida. E eu odeio pão. 
Apesar de eu compreender tudo, ainda tenho muita dificuldade para falar de forma gramaticalmente correta em Inglês, então, tenho me tornado uma ótima ouvinte.  - Vocês conseguem imaginar como isso as vezes é difícil para mim? Eu sou a Carol, eu gosto de falar, de contar histórias, de interagir... preciso aprender logo a falar. 
Então minhas duas prioridades hoje são... perder a vergonha de falar e aprender a cozinhar, ou, passar a gostar de pão.
Já estou com saudades de casa, das minhas coisas, da minha bike, do meu carro – sim, ando quase 10km por dia aqui –, mas principalmente das pessoas que amo... minha família, meus amigos, colegas de trabalho, das jantas de terça, das de quinta também, mas principalmente dos almoços diários na casa de minha avó. Entretanto, eu definitivamente precisava dessa experiência em minha vida e constantemente me pego agradecendo por estar aqui. 
A cada dia que passa estou mais apaixonada pela Irlanda.

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