Bijuca era
realmente uma ave diferente. Desde que retornaram de Bom Retiro eles deixaram
de ser um trio e passaram a ser um quarteto, pois a ave os acompanhava o tempo
inteiro. Até mesmo quando cavalgavam o pássaro seguia com eles, sobre a cabeça
de Eva. Além disso ela era extremamente treinada, atendendo a comandos como:
“fica”, “venha”, “voe”... entre outros.
Certo dia Eva
disse para a ave ficar empoleirada na cerca do sítio e a noite quando sentiu
falta de Bijuca no poleiro que ficava no seu quarto lembrou que não tinha dado
o comando para a ave voltar a se mexer. O bicho permanecia lá, pousada sobre a
cerca.
Além de alegres
pela nova companheira, todos estavam animados pois tinha chegado o dia de
finalmente irem até a Barra da Jararaca. Tio Albert estava muito empolgado,
pois finalmente ele iria até a “Sociedade Colonisadora Catarinense” pagar a
última parcela de suas terras, que ele havia comprado há dez anos. Quase todos
os colonos que moravam no Barracão haviam comprado suas terras através da
Sociedade Colonisadora e a sede era na Barra da Jararaca. A família do tio
Albert aproveitaria para comparecer a uma festa na casa de Paulo, um grande
amigo e compadre. Lá seriam carneados um boi e dois porcos. Sendo assim eles
dormiriam duas noites na Barra da Jararaca e as crianças já estavam afoitas
pelo passeio.
Foram todos de
carroção e Bijuca percorreu todo o caminho voando, acompanhando a família.
As crianças não
conheciam a localidade, mas acharam um vilarejo muito bonito, com suas casas
todas construídas em madeira com muito capricho. A maioria das residências
possuía belos jardins floridos com os mais diversos tipos de flores:
amor-perfeito, cravo, margaridas brancas, camélia e copo de leite... as flores
davam um ar de alegria ao vilarejo.
Destoando das outras
casas da vila, estava o imponente casarão onde ficava a sociedade colonisadora.
Entre árvores e flores, num belo recanto situava-se majestoso, o casarão. Era
de madeira, construído com paredes duplas. Tudo na casa chamava a atenção. Ela
possuía três pavimentos; Sabú e Ceci achavam que se tratava de um palacete.
Tio Albert ao
perceber o interesse das crianças pela casa contou:
- Essa casa
levou muitos meses para ficar pronta. Os últimos retoques aconteceram no ano de
1908. Por volta do ano de 1921 o casarão foi vendido para o doutor Ernesto
Primo, natural de Porto Alegre, um dos diretores proprietários da Sociedade
Colonisadora Catarinense. Ali, junto ao palacete, fica o escritório da
Sociedade e é ali que trabalham Paulo Schlichting e Antonio Souza. Nos fundos
do casarão tem uma piscina, com água corrente que vem da montanha.
- Uma piscina?
O que é isso? – Perguntou Sabú.
- Áh, piscina é
um buraco cheio de água onde as pessoas se refrescam, para não terem que ir até
o rio – explicou Albert – no casarão também tem outra coisa que vocês não
conhecem bem: Um banheiro completo, inclusive com banheira, chuveiro, vaso
sanitário e lavatório com instalações hidráulicas em perfeito funcionamento;
bem diferente da patente que todo mundo usa lá em casa.
- Na minha
casa, de Heidelberg, tinha um banheiro tio e era bem mais fácil para tomar
banho nele, principalmente no inverno – lembrou Eva.
- Pois é, um
dia quem sabe a gente constrói um lá em casa – Disse Matilda, cutucando Albert.
- Banheiro é
frescura Matilda, tem coisa mais importante – resmunga tio Albert, enrolando os
bigodes.
Interrompendo a conversa chegou
Paulo, cumprimentando o compadre e a comadre. Ele convidou a família para
entrar e tomar um refresco. As crianças estavam ansiosas, queriam mesmo era ver
a piscina. E Albert percebendo isso disse ao amigo:
- Paulo, será que minhas crianças
podem ir ver a piscina? Eu tenho um gurizinho aqui que ta louco para saber o
que é.
- Claro, podem ir crianças.
Elas pediram licença e foram olhar.
Sabú achou tudo bonito e ficou louco
de vontade de entrar, mas Eva disse que não poderiam entrar, a não ser que o
senhor Paulo oferecesse. Quem não pediu permissão foi Bijuca, que não se fez de
rogada e assim que viu a água aproveitou para se refrescar.
As crianças ficaram admiradas com o
tamanho da casa, mas não entraram, apenas observaram tudo pela janela.
Tio Albert chamou as crianças para
pegarem suas coisas dentro da carroça. Para o espanto delas, eles ficaram
acomodados no andar inferior do casarão. Ceci e Sabú nunca tinha entrado em uma
casa tão bonita e grande. Por dentro tudo era diferente da casa de Albert. Ceci
observava tudo com muita atenção, tinham algumas louças lindas, cortinas de
renda, móveis grandes e que brilhavam.
De repente um
barulho estranho começou a ser ouvido. Ceci e Sabú se olharam assustados, pois
não conheciam o bicho que emitia aquele som. O barulho parecia estar vindo de
um aparelho na sala. Senhor Paulo foi até ele, pegou uma de suas partes colocou
na orelha e começou a falar sozinho. Os indiozinhos acharam aquilo muito
estranho e ficaram olhando admirados.
Percebendo a admiração dos amigos
Eva disse:
- Isso é um telefone. O senhor Paulo
não está falando sozinho, através daquela parte que ele coloca no ouvido ele
escuta outra pessoa, que pode estar em qualquer lugar; Florianópolis, Lages,
Bom Retiro... em qualquer lugar que tenha outro aparelho desses.
- Meu Deus, isso é magia Eva? –
Perguntou Ceci.
- Claro que não, isso se chama
ciência Ceci, foi um homem que inventou.
Percebendo a conversa senhor Paulo
faz um sinal com a mão, chamando as crianças para perto dele e afastando um
pouco o telefone do ouvido, assim permitindo que elas ouvissem um pouco do que
a outra pessoa falava.
Ceci e Sabú ficaram boquiabertos.
Aquilo era uma coisa que eles jamais imaginavam poder existir.
Depois de
conhecerem essa tremenda novidade, as crianças saíram para brincar na rua. Os
indiozinhos chamavam a atenção, mas na verdade Eva não saberia dizer se o que
chamava mais a atenção do povo eram eles, ou Bijuca, voando e pousando em seu
braço.
De repente Bijuca voou e ficou
parada em uma janela e começou a berrar: “gararah, gararah”. Eva a chamou, uma,
duas vezes... mas ela permaneceu lá, imóvel e gritando; o que não era nada
comum, pois jamais ela havia deixado de atender a um comando de Eva.
A menina continuou chamando a ave,
sem surtir efeito algum. Foi então que de dentro da casa uma senhora colocou a
cabeça para fora, para ver o que estava acontecendo. Assim que a senhora
apareceu a ave parou de gritar.
Eva parecia confusa e demorou cerca
de 5 segundos para reconhecer a pessoa.
Era Heide! A senhora que segurou sua
mão na noite de tempestade no navio e com quem a menina passou boa parte da
viagem.
- Heide?
- Minha nossa senhora, é você Eva?
Saíram correndo e se abraçaram. Eva
e Heide choraram.
- Eu nunca pensei te encontrar por
aqui. Achei que nunca mais ia ver você Heide.
- Eu pensei o mesmo. Pois você nunca
me disse o nome do lugar para onde estava indo, nem eu disse para você. Nossa
intenção era ir para uma cidade chamada Joinville, mas depois ficamos sabendo
dessas terras, mais baratas e muito produtivas. Mudamos nossos planos.
Eva apresentou Sabú e Ceci para
Heide. A senhora abraçou carinhosamente cada um deles e convida-os para entrar.
Chama-os para irem até a chácara.
Além do pomar com muitas árvores
frutíferas ainda existiam muitas plantas nativas por ali e por toda a
comunidade da Barra da Jararaca: inhame, taiá, anticum, peroba, imbuia, jerivá,
samambaia, guabiroba. Além da flora, a fauna da região também era esplêndida.
Sabú avistou muitos pássaros e foi apontando-os e falando os nomes:
- Urubu, araponga, uru, tiriva,
inhambu, chupim, jacu, Sabiá, quero-quero, joão de barro, massanico do banhado,
papagaios, periquitos, araras, garças, gralhas azuis... Meu Deus são tantos!
O menino fascinado, saiu pela margem
do rio, acompanhado por Bijuca.
Eva, Heide e Ceci ficaram sentadas à
sombra de uma árvore. Não demorou muito Bijuca começou a gritar da margem
oposta do rio: “gararah, gararah, gararah”. As três olharam e viram que alguém
corria pela mata. Sabú chegou instantes depois, abraçou a irmã e disse:
- Socorro, tem um bugre no mato.
Eva se espantou e falou:
- Você é um bugre Sabú, está com
medo de que?
- Eu não tô com medo, apenas me assustei.
Ceci perguntou:
- Você tem certeza? – Dirigindo a
próxima pergunta a Heide falou:
– Tem burges por aqui?
A senhora respondeu:
- Olha, ultimamente eles têm dado as
caras. Estavam sumidos desde que um tal de Martinho Bugreiro andou por aí, mas
agora aos poucos eles estão reaparecendo. Mas eles são tranquilos. Esses dias
vi dois deles ali do outro lado do rio, acho que estavam pescando. Abanei a
mão, mas eles saíram correndo. Deve ser medo, pois me contaram que o seu
Francisco, que mora aqui por perto andou dando uns tiros em um desses pobres
coitados esses dias.
Ceci queria saber mais, porém
ouviram Matilda chamando.
Eva apresentou Heide para sua tia,
que já sabia o quanto a senhora havia sido importante para Eva durante a
viagem, então desde o momento que se viram, se tornaram grandes amigas.
Enquanto Heide e Matilda
conversavam, Ceci pegou Eva pelo braço e disse:
- Vamos?
- Vamos onde? – Disse Eva.
- Vamos achar o bugre, oras!
- Claro que não! Tia Matilda não
iria querer.
- Poxa Eva, desde quando você dá
bola para isso?
- Ceci, não sei... tu achas uma boa
ideia?
- Eva, eles são o meu povo...
Eva devia isso a amiga que a
acompanhou em muitas aventuras mesmo sem ter muita vontade. Então, embora meio
a contragosto aceitou. Chamaram Sabú que a princípio também não queria ir, mas
posteriormente foi convencido pela irmã. Seguiram os três acompanhados por
Bijuca.
Atravessaram o Rio Itajaí do Sul com
uma canoa e na margem oposta a chácara de dona Heide eles começaram a busca.
Sabú mostrou o local onde ele tinha visto o índio, mas não tinha mais nem sinal
dele por ali. Andaram mais para dentro da mata, tentando encontrá-lo, em certo
momento Bijuca começou a gritar, todos olharam para o céu, tentando encontrar a
ave e a avistaram em cima de uma árvore. Ao olhar para baixo perceberam que
atrás do tronco da mesma, estava escondido, olhando meio ressabiado um índio.
Ele aparentava ter uns 14 anos e
parecia estar espantado ao ver índios como ele vestido igual a homens brancos.
Ceci se aproximou e começou a falar
com ele em Guarani.
- Oi, meu nome é Ceci e esse é meu
irmão Sabú e minha amiga Eva.
Ele com desconfiança se aproximou e
falou:
- Meu nome é Pequi. Porque vocês se
vestem assim? Onde está sua tribo?
- Nos vestimos assim porque moramos
na casa de Eva, nossa tribo não existe mais…
E o papo
continuou. Eva e Sabú acompanharam a tudo sem participar muito da conversa;
ouviram Pequi contar que a sua tribo ainda existia e que ficava próximo dali.
Disse que Martinho Bugreiro também matou muita gente de sua tribo, mas que
alguns conseguiram se esconder no mato e passado algum tempo voltaram para o
local da aldeia. Agora restavam 20 índios, 5 deles mulheres e 15 homens. O
pequeno índio disse que gostaria muito de levar Ceci para conhecer a aldeia.
Ceci se animou com a ideia, porém
Pequi disse que ela só poderia ir se fosse sozinha.
- Não, sozinha você não vai. –
Brandou Eva.
- Eva, mas qual é o problema? Eles
são o meu povo, não irão me fazer mau.
- Eu acredito Ceci, mas você também
não deixaria eu ir sozinha. Além do mais, eu não acho uma boa ideia, estou com
um pressentimento estranho.
- Ah deixe de bobeira Eva, você está
é com ciúmes por eu ter um novo amigo.
- Deixe de ser boba guria, eu jamais
teria ciúmes por algo assim, só não acho boa ideia.
- Pois eu vou, com ou sem você.
Sabú apenas prestou a atenção na
conversa e por fim disse:
- Vocês até podem ir, mas não
hoje... Já está escurecendo.
Era verdade, já estava ficando tarde
e Pequi disse que então iria pegá-los no dia seguinte. No retorno Eva e Sabú
foram na frente e Ceci e Pequi vieram mais atrás, rindo e aparentemente se
divertindo muito.
A pedido de Ceci eles guardaram
segredo sobre o novo amigo.
No dia seguinte logo cedo o boi
começou a ser carneado. Um gaiteiro da Santa Bárbara veio tocar na festa, que
prometia ser das melhores já vistas na Barra da Jararaca. O frei e Heide também
estavam por lá e se conheceram. Eva tinha muito carinho por aquela senhora. Sua
nora estava grávida, ela era a mãe do garotinho que morreu durante a viagem.
Parecia que o novo netinho iria completar a alegria da vida dela, que como ela
mesmo falou para a Eva era muito boa aqui no Brasil.
Ceci estava contando os minutos para
chegar a hora de irem conhecer a tribo e assim que o momento chegou, sorrateiramente
avisou os outros, que disseram a tia Matilda que iriam colher frutas pelo mato.
Antes de sair Eva mandou que Bijuca ficasse no poleiro. Talvez fosse melhor a
ave ficar por ali.
Pequi já estava à espera e assim que
viu Ceci lhe deu de presente duas enormes gabirobas.
Os olhos de
Ceci brilhavam, ela estava encantada por Pequi e Eva estava achando tudo aquilo
muito bobo...
“Onde já se viu, esse Pequi é um
chato” – Sim, Eva estava com ciúmes da amiga, que agora só tinha olhos para o
tal.
Subiram um barranco, andaram por uma
encosta, passaram pela mata fechada, até que avistaram uma clareira.
Quando estavam se aproximando, uma
dezena de índios apareceu, com arcos e flechas, todas apontadas para Eva. Eles
gritavam palavras que Eva não conseguia entender. Um deles a pegou pelos braços
e a sacudiu. Sabú tentou defendê-la, mas foi pego também. Ceci gritava:
- Deixem ela em paz! Deixem ela em
paz! Enquanto Pequi a segurava, impedindo que ela lutasse com os outros índios.
Eva tentava falar, mas o índio que a
segurava tapava sua boca com uma das mãos.
- Pequi, nos ajude... a Eva é como
uma irmã, vocês não podem fazer mal a ela.
- Não vamos fazer mal, mas o homem
branco é traiçoeiro, tem que ficar amarrado.
- Mas a Eva não é assim.
- Não podemos confiar em nenhum
homem branco.
Eles amordaçaram e amarram Eva e
Sabú juntos a uma árvore próxima a aldeia. Ceci tentou argumentar que eles
tinham que ser soltos.
O cacique pediu para que Ceci fosse
conversar com ele. Na conversa ele falou que a aldeia quase não tinha mais
mulheres e que gostaria muito que Ceci ficasse ali com eles. Ela e o irmão
poderiam viver junto com seu povo, comer as comidas com as quais sempre foram
acostumados, praticar seus rituais, viver como eles viviam antes do maldito
Martinho Bugreiro aparecer. Disse que ela e o irmão iriam aprender a caçar,
pescar, colher, viveriam como seus pais tinham vivido. Além disso ele falou que
Pequi havia gostado muito de Ceci e como na tribo não existiam mulheres jovens,
no futuro eles poderiam casar.
Ceci ficou muito feliz em ouvir
aquilo tudo. Ela sempre sonhou em poder voltar a viver a vida que vivia antes
daquele dia em que perdeu toda a sua família. Estar ali, no meio daquela aldeia
lhe fazia lembrar de sua infância, da voz de seus pais cantando, até mesmo o
cheiro do lugar fazia seu coração doer de saudade, mas era uma saudade gostosa
de sentir, que lembrava um tempo muito bom. Ela queria tudo aquilo novamente!
Além do mais, ela também tinha gostado muito de Pequi. Ceci só não ficou feliz
quando lembrou da amiga amarrada na árvore. E então perguntou:
- Mas e Eva?
O cacique respondeu:
- Ceci, aprenda uma coisa... Nenhum
homem branco presta. Nenhum. Eles nos prendem, nos matam. Nos tratam pior do
que bichos. Ela não deve gostar de você, homens brancos são falsos.
- Não cacique, a família de Eva não
é falsa. Ela me acolheu quando eu mais precisei.
- Não! A menina fica. Não faremos
mal a ela, mas ela não pode voltar, senão contará aos outros o que aconteceu e
eles virão com suas bocas de fogo[1]
para nos matar.
- Mas e se eu não quiser ficar?
- Você quer ficar Ceci. És uma filha
da natureza e ela está te chamando para ficares junto dela. Você não tem
escolha. Vai ficar.
Pequi entrou e disse a Ceci:
- Ceci, venha, tem uma coisa que
quero lhe mostrar.
Ele queria mostrar a Ceci como
atirava bem usando seu arco e flecha. Ele acertou um pássaro em pleno voo e
depois atingiu o tronco de uma árvore, exatamente no ponto onde havia dito que
acertaria.
Eva ouviu as
risadas de Ceci e não conseguia acreditar que a amiga estava se divertindo
enquanto ela estava amarrada. Ela observava Pequi ensinando Ceci a atirar com
seu arco e não se conformava. Vendo aquilo também Sabú, que estava quase
conseguindo tirar a mordaça, meio atrapalhado disse:
- Temos que conseguir fugir daqui.
Eles só podem ter colocado algum encanto na minha irmã.
Mais tarde Ceci veio disfarçadamente
até Eva e disse:
- Eu tenho um plano, assim que
anoitecer eu vou soltar vocês.
A tribo estava feliz e iam comemorar
bebendo uma espécie de Cauim, que era uma bebida feita a partir da fermentação
da mandioca ou do milho. Os índios mastigavam os ingredientes e deixavam
fermentar por alguns dias. O resultado era uma bebida com certo teor alcoólico
que era tomada por eles em dias de festa, como aquele que estavam vivendo com a
chegada de Ceci.
Enquanto isso na comunidade da Barra
da Jararaca Matilda e Albert já procuravam pelas crianças, que estavam
demorando muito a aparecer.
Matilda vendo a Bijuca ali
quietinha, resolveu tentar dar um comando a ave, mas não sabia se ela iria
atender a ela como atendia a sua dona, mesmo assim disse:
- Bijuca, encontre Eva!.
E a ave saiu voando, até se perder
de vista. Certa de que o pássaro não havia entendido o comando, Matilda
continuou a busca pela redondeza.
Quando a noite caiu, assim como o
combinado Ceci foi até Eva. Aparentemente os índios já estavam meio bêbados.
Ceci cortou as cordas que prendiam a amiga e o irmão e disse para Eva correr.
Ouvindo aquilo Sabú disse:
- Como assim só a Eva?
- Nós vamos ficar Sabú. Aqui é o
nosso lugar. Essa é a nossa gente.
- Não, vocês não podem fazer isso –
falou Eva, já quase chorando.
- Eu não vou ficar coisa nenhuma.
Você só pode estar louca!
- Sabú, eu tenho que ficar. A
natureza está me chamando.
- Quem deve estar chamando a gente é
a tia Matilda. Deixe de bobeira e vamos embora. - Falou Eva.
- Eva, você ainda não me entendeu.
Eu vou ficar. Aqui é o meu lugar.
Sabú começou a chorar e dizer:
- Eu não vou ficar aqui. Eu quero a
minha madrinha. Eu quero o tio Albert e a Eva. Eu nem conheço essa gente que tu
está chamando de tua Ceci.
- O Sabú tá certo, vamos Ceci, eles
estão olhando para cá.
- Corram, eu vou ficar.
Ceci abraçou Eva e Sabú, no mesmo
instante que uma flecha passou raspando pelo chapéu de Eva.
- CORRE! – disse Ceci.
Eva deu a mão para Sabú e saiu em
disparada pelo breu da mata. Eles corriam sem saber ao certo para onde estavam
indo, com os índios gritando atrás deles. Era previsível o que iria acontecer e
de fato aconteceu, os dois rolaram encosta abaixo.
Eva estava tonta e ouviu um
“Gararah, gararah” perto dela; era bijuca. Então, abriu os olhos e percebeu que
estava coberta de lama e dor, pelo menos não existia sinal dos índios. O som de
Bijuca foi ouvido novamente e guiada pelo barulho Eva a localizou, de pé
gritando ao lado de Sabú, que estava caído. Eva levantou o mais rápido que pôde
e foi ver como ele estava. Ao chegar perto, percebeu que ele também parecia
meio tonto, mas aos poucos foi recuperando a razão. Sabú mal tinha conseguido
ficar de pé, quando uma saraivada de flechas começou a cair perto deles. Eles
tinham que correr novamente. Do alto da encosta os índios estavam atirando.
Eva não fazia ideia de onde estavam,
então ela olhou pra Bijuca e disse:
- Nos tire daqui Bijuca.
A ave olhou para os lados e começou
a emitir seu som, guiando Eva e Sabú. Eles estavam machucados e não conseguiam
correr muito rápido, porém Bijuca os fez sair da mira dos bugres e guiou-os até
o rio, no ponto onde estava o barco, próximo à casa de Heide.
Eva usou suas últimas forças para
remar até o outro lado, com Bijuca berrando, para anunciar o retorno e quando
eles estavam quase chegando ouviram Heide gritando:
- Achei, eles estão aqui Matilda,
corra!
Matilda chegou e pegou Sabú no colo,
enquanto Heide acudiu Eva.
- O que aconteceu, cadê a Ceci? –
Perguntou Matilda aos prantos.
Sabú responde:
- A Ceci quis viver com os bugres
mother.
1 Comentários
Prof caroline Pereira aqui é a Rafaela do Balcino você tem a foto que eu bati com você quando ganhei o livro?
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