O que a cidade Italiana de Pompeia tem a ver com a Escola de Educação Básica Silva Jardim?




É claro que para você pode ser que isso seja uma pergunta bem óbvia, mas se você for daqueles que não entendeu a ligação, acesse o link, confira a resposta e ainda conheça um pouco mais sobre essa joia arqueológica que é Pompeia.

Para esclarecer essa pergunta, vamos primeiro entender dois pontos:

1 – O que é Pompeia?

Pompeia foi uma cidade do império romano, situada a 22 km da cidade de Nápoles na Itália. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79. Ela ficou soterrada por uma grossa camada de cinzas e detritos provenientes de erupção e apenas 1600 anos depois foi reencontrada. Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo, moldando também o corpo das vítimas. Hoje a cidade é um sítio arqueológico que pode nos mostrar exatamente como era a vida há mais de dois mil anos.


2 – O que que tem a E.E.B. Silva Jardim?

Bom, como todo mundo deve saber, o patrono da escola – o cara de quem ganhamos o nome – foi Antônio da Silva Jardim, foi um professor, advogado, jornalista e ativista político brasileiro que teve grande atuação em movimentos abolicionistas e republicanos.  Ele morreu em 1891. Após sua morte ele recebeu muitas homenagens, entre elas ter seu nome dado a uma escola do interior de Santa Catarina – no antigo Barracão, para ser mais exata.
Está bem, mas o que tem a ver uma coisa com a outra?

Silva Jardim morreu aos 30 anos em Pompeia, quando em uma visita às ruínas da cidade, decidiu subir até a cratera do Vesúvio. O vulcão estava ativo e ele foi tragado por uma rachadura na terra, perdendo assim a vida.


Sabe quem mais esteve em Pompeia recentemente?
Eu. E se você tiver interesse de saber mais sobre a cidade, é só continuar lendo o texto.

Ir a Pompeia partindo de Roma não é muito complicado. Primeiro você deve pegar um trem para Napoli e lá pegar um trem regional até Pompeia. Eu fui seguindo as orientações de um blog e não teve erro para encontrar o local onde comprar a passagem e o portão de embarque. O problema foi saber qual trem pegar. Tive que pedir informação e foi assim que eu conheci Kasia e Bogusia, mãe e filha da Polônia, com quem passei o dia inteiro.

Junto com minhas novas amigas embarquei no trem e seguimos até a “cidade perdida”.
Peguei um áudio guia para me orientar e seguimos...
A história de Pompeia e sua tragédia são contadas há séculos, mas nada se compara à experiência de conhecer a cidade com seus próprios olhos. O estado de conservação do lugar é impressionante, bem como a história que a encerra e todos os ensinamentos sobre sua cultura e arquitetura. É uma visita imperdível, se você assim como eu, curte história.

Foto: Katarzyna Dargacz



Através das pesquisas arqueológicas, possíveis a partir do sítio arqueológico, aprendemos muito sobre como viviam as pessoas daquele lugar e, em uma visão mais ampla, as pessoas daquela era. As escavações começaram em 1748 e continuam até hoje – inclusive no dia da minha visita existiam vários arqueólogos trabalhando no sítio.

Os moradores de Pompeia não sabiam que a montanha era na verdade uma bomba relógio, prestes a explodir. A última erupção do vulcão havia acontecido a mais de 1.500 anos, então todos os sinais dados pelo vulcão antes da erupção – que os mesmos alunos do Silva Jardim aprendem nas aulas de geografia – foram ignorados por eles. Quando a catástrofe teve início, as grandes nuvens de fumaça negra cobriram o céu e os moradores da cidade não sabiam nem ao menos o que estava acontecendo. Segundo um dos únicos relatos escritos sobre a tragédia, o de Plínio, o jovem, que viu tudo de uma distância segura: “Eles achavam que não existiam mais Deuses e que o universo tinha mergulhado na escuridão!”. Na cidade, ainda se encontram alguns locais onde as pessoas tentaram se abrigar. Espécies de bunkers subterrâneos onde foram encontrados diversos esqueletos humanos, carregando seus pertences mais valiosos e lamparinas, que provavelmente os guiaram pela escuridão em busca da salvação de suas vidas.
Foto: Katarzyna Dargacz

Outro ponto certamente interessante são os moldes de gesso que permitem que os visitantes vejam as expressões dos corpos encontrados. Isso porque a chuva de cinza fina que cobriu o local aderiu às formas dos corpos e roupas das vítimas, preservando o momento em que morreram. Com uma técnica que utiliza gesso, desenvolvida por Giuseppe Fiorelli, diretor de escavações entre 1860 e 1875, foi possível mantê-los intactos, como foram encontrados pelos pesquisadores, até os dias de hoje.
Foto: Katarzyna Dargacz
As pesquisas arqueológicas revelaram que a sociedade pompeiana, como qualquer outra do Império romano, apresentava grandes contrastes e diferenças de classe: os escravos e plebeus trabalhavam para os patrícios e o sonho dos cativos, quando conseguiam a liberdade, era ganhar dinheiro suficiente para comprar seu próprio escravo. Pompeia vivia basicamente do comércio de azeite e do vinho que produzia. Sua localização estratégica, entre o mar e a foz do rio Sarno, facilitava a exportação desses produtos para cidades do Mediterrâneo. E assisti recentemente em um documentário da BBC de Londres que, de acordo com os pertences encontrados com os corpos dos mortos, o povo de Pompeia tinha conhecimento sobre os outros povos e culturas, que ficavam do outro lado do mediterrâneo, em contraste com outras partes da Europa naquela época.


As escavações mostraram também que os moradores de Pompeia veneravam os deuses oficiais romanos, tanto que havia templos em homenagem a Apolo, Júpiter e Vênus, a quem ofertavam orações e bens.

As paredes dos bordéis são uma das atrações que levam mais de 1 milhão de turistas anualmente às ruínas da cidade. A outra grande atração fica por conta das casas, em sua maioria luxuosas e espaçosas, todas com um jardim no meio. Por meio delas, pode-se reconstruir a típica casa romana da classe média abastada ou rica.

Outra descoberta importante dos arqueólogos foram os grafitos que se espalhavam por toda a cidade. Havia inscrições para todos os gostos: desde os que anunciavam a troca de um amante por outro até citações. Além disso, nos muros das casas, edifícios públicos e até nas sepulturas, gravavam-se anúncios de combates de gladiadores e muita propaganda eleitoral.

Alguns grafites de Pompeia parecem anúncios de prostituição, mas talvez sem as tentativas de difamar conhecidos. “Quem sentar aqui deve ler isso antes de qualquer coisa: se quiser uma trepada, pergunta por Ática. O preço é 16 asses”.


Os grafites também revelavam que existia amor em Pompeia. Na parede de um bar um vizinho zomba do rapaz que não é correspondido pela amada. “Sucesso, o tecelão, ama uma garçonete chamada Íris, que não gosta dele; e quando mais ele implora, menos ela gosta”. Uma mensagem tenta consolar uma mulher traída. “Agora a ira é recente, é necessário que passe o tempo. Quando a dor for embora, acredita, o amor voltará”. Um viajante que passou por Pompeia anotou no seu quarto, provavelmente antes de dormir: “Vibio Restituo aqui dormiu sozinho e lembrou-se ardentemente de sua amada Urbana”. Na parede de um teatro, um jovem suplica: “Se você conhece força do nosso amor, e a natureza humana, tenha pena de mim, conceda-me os teus favores”.


Principais atrações:

A Casa do Fauno: Com 2.970 m2, é a maior e uma das mais impressionantes residências de Pompeia. Foi construída no início do século 2 a.C. e, posteriormente, passou por diversas reformas até chegar ao aspecto atual. No centro do impluvium, espécie de tanque para juntar as águas pluviais, se ergue uma réplica da estátua de bronze do Fauno, cuja original se encontra no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles. O Mosaico de Alexandre (outra réplica cuja original está no museu), que representa a vitória de Alexandre Magno contra Dario, rei da Pérsia, também pode ser visto ali.



Casa dos Vettii: É uma das mais célebres e luxuosas residências de Pompeia. A escavação cuidadosa preservou quase todos os afrescos de suas paredes, que são o ponto alto da visita. A identidade dos moradores, dois ricos libertos, ficou preservada em pichações feitas em períodos de campanha eleitoral na frente da casa. Dois anéis contendo inscrições com seus nomes também foram encontrados. Na grande domus, como eram chamadas as casas das ricas famílias romanas, um dos aposentos se destaca por seus painéis de vermelho escuro com frisos com pinturas de cupidos.



Villa dei Misteri: Foi construída no século 2 a.C., em uma colina, de frente para o mar e fora dos muros de Pompeia. É uma das mais de cem moradias descobertas na área do Vesúvio, geralmente ligadas à exploração da agricultura, mas que também serviam de refúgio para os endinheirados. Inclui um bairro residencial e uma área para os empregados, ao lado dos locais onde se fazia vinho. Um dos pontos altos da visita é o triclínio (espécie de sala de jantar), decorado com afrescos que retratam ritos de iniciação nos mistérios do deus grego Dionísio e das mulheres em sua vida de casada. É dessas pinturas que vem o nome do lugar.



Teatro Grande: Construído no século 2. a.C. é inclinado e tem o formato de uma ferradura - modelo de construção que permitia que o som se propagasse e fizesse com que todos os presentes ouvissem o que era dito no palco, que ficava ao centro, embaixo. Era dividido em três zonas, das quais a mais baixa (ima cavea), coberta com mármore, era reservada para os cidadãos importantes da cidade. Acomodava 5.000 pessoas. Não deixe de ver também o Teatro Pequeno e o Quadripórtico dos Teatros (espécie de grande jardim onde os espectadores podiam
se reunir e se encontrar nos intervalos das apresentações), todos próximos um do outro e parte do mesmo complexo.



Fórum: Construído no século 2 a.C., era o coração da cidade. Nessa grande praça, localizada na esquina das principais ruas de Pompeia, se debatiam as questões políticas, administrativas e comerciais da cidade.
O local era fechado para carros e ladeado por importantes edifícios religiosos, políticos e econômicos. Ao norte, o Fórum é fechado pelos Arcos Honorários, originalmente revestidos de mármore e que eram dedicados à família real. Eles estavam dispostos em cada um dos lados do Templo de Júpiter, outro destaque do local, construído também no século 2 a.C. Com uma grande escadaria e colunas, tinha em seu interior uma estátua de Júpiter, cuja cabeça foi encontrada durante as escavações.


Anfiteatro: Construído em cerca de 70 a.C., é uma das construções mais antigas e bem preservadas de Pompeia. O edifício foi concebido para combate de gladiadores e tinha capacidade para 20 mil espectadores, o equivalente a toda a população da cidade. O auditório é dividido em três áreas: o cavea ima (primeira fila), para os cidadãos importantes, a mídia e a soma, mais elevados, para os outros. No eixo principal da arena ficava a passagem pela qual adentravam os participantes das lutas. Do outro lado estava o local por onde se retiravam os corpos dos mortos ou os feridos. Aproveite e visite também o Ginásio Grande, que fica logo ao lado, e era reservado aos exercícios de ginástica promovidos por associações juvenis de Pompeia.



Templo de Apolo: É um dos mais antigos santuários de Pompeia, como atestado pela decoração arquitetônica sobrevivente datada de 575-550 a.C., embora o arranjo atual seja século 2 a.C. Possui um pórtico com colunas jônicas e o chão é coberto de um tipo de pedra policromada que imita desenhos de cubos em perspectiva. Nas laterais, estão as réplicas das estátuas de Apolo e Diana, retratados como arqueiros (os originais estão no Museu Arqueológico Nacional). O altar ao pé da escada é 80 a.C. A Basílica, que fica próxima, também vale uma visita.



Termas: Nem todos os habitantes da cidade possuíam água em casa, por isso as termas tinham grande importância para a população de Pompeia. Além de uma necessidade, elas também eram um evento social. Ali, eles se encontravam com amigos, conversavam e estabeleciam contatos políticos. Homens e mulheres tinham áreas separadas. As termas de Stabia são as maiores e mais antigas da cidade, do século 2 a.C. Parada obrigatória, elas ainda exibem a refinada decoração com motivos figurativos e mitológicos, feita pouco antes da erupção de 79 d.C. Ali também é possível ver alguns corpos dos mortos na erupção. Bem preservadas, as termas do Fórum são as segundas maiores da cidade e datam de 80 a.C., também merecendo uma espiada.



Lupanário: Lupa, que em latim significa prostituta, dá nome a esse local que é um dos mais bem organizados dos muitos bordéis de Pompeia. Ele é o único construído com essa função específica – os outros constituíam-se apenas de uma cama no andar superior de alguma loja. São cinco quartos e uma latrina no piso térreo e mais cinco quartos no andar superior. O destaque fica por conta das camas do bordel: cada quarto tem a sua, feita em alvenaria originalmente coberta por um colchão. Outro ponto interessante são as pinturas que retratam diferentes posições sexuais e que adornam todo o bordel. As prostitutas eram escravas e seus rendimentos iam todos para o cafetão. A marca de uma moeda de 72 d.C., gravada em uma argamassa do edifício, demonstra que ele é de um dos últimos períodos da cidade.



O jardim dos mortos: Neste extenso espaço, onde atualmente há um vinhedo, se encontram os corpos de algumas das vítimas da erupção de 79 d.C. Os formatos de seus corpos e rostos no momento da morte foram preservados por uma técnica com gesso desenvolvida por Giuseppe Fiorelli, diretor de escavações de Pompeia entre 1860 e 1875.






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