35 anos de formados - Turma 1982


No sábado passado aconteceu um encontro muito especial.
A turma de 1982 se reuniu pela primeira vez e comemorou os 35 anos de sua formatura. 
Tive o prazer de participar desse reencontro e ver as crianças, os adolescentes de dentro de cada um virem a tona e celebrarem esse reencontro, cheio de boas lembranças. 
Eles compartilharam muitas experiencias juntos, aprenderam a ler, escrever, formaram amizades, viajaram... ouviram as mesmas músicas, tiveram o mesmo estilo de roupa e penteado... 
Trinta e cinco anos é bastante tempo, mas no sábado pareceu que o tempo não tinha passado e estavam todos ali, um dia depois da excursão, dançando as mesmas músicas e se divertindo como era de costume.

A seguir uma poesia, escrita pela minha mãe (uma das alunas da turma) e um vídeo, produzido a partir de fotos que contam um pouco da história dessa turma. 


Nós – Eu e vocês

A cidade era a mesma
A estrada de terra batida
Os carros passavam, a poeira ficava
A natureza florescia faceira
O rio com muito mais água, clarinha
E muito mais fundo
Só cortado por uma ponte, alta e bem pretinha

Foi nesse lugar que tudo aconteceu
E uma grande amizade nasceu
As casas modestas de madeira
Com cercas moldando a frente
Cheio de coloridas trepadeiras

Numa escola aconchegante
Com corredores gigantes
E cheirinho de merenda gostosa
Onde brincadeira de roda acontecia
No pátio cheio de crianças a brincar
Com alegria, dividindo uma infância sadia
Uns a Dona Doralice ensinava,
outros a Dona Eunice encantava

O tempo foi passando...
Outros professores, outras salas
Só a gente não se largava
Continuávamos juntinhos
Brincando, sorrindo, sonhando acordados
Correndo ao vento animados
Não imaginávamos que aquela escola
Seria passado e palco de muitos sonhos realizados

Já grandinhos, a década era dos anos 80
Dos embalos musicais
A discoteca animava os casais
Dançando a frente bem compassadinho
Cada um com seu grupinho

Os cabelos em grandes volumes
Nada de alisamentos
o permanente cacheado, fazia a moda do momento
Calças marcando a cintura
Nada de saint-tropez
Tudo coladinho no corpo no veludo Cotelê

Foi nessa época marcante
Que a amizade se fortalecia
Juntos de mesma idade uns jovens faziam a diferença
pelas ruas da cidade

A lanchonete do Cação
Bem na frente da escola
Quem não disfarçou
Comprar um lanchinho,
Enquanto saia o troco
Se roubava um selinho

A pracinha da Bandeira
De selinho entendia bem
Foi debaixo da figueira
Os primeiros beijos também

Como esquecer das serenatas
Cheias de canto e calor
Era na soleira da janela “as declarações de amor”

Quanta coisa bem romântica!
Que vivemos e sentimos
Com gestos tão sublimes
demonstrando tanto de nós
Inexequível o arrepio, as pernas tremendo
Enquanto os olhos transmitiam
O que o coração ia dizendo
Nós vivemos um tempo
Onde tudo era verdade
O olho no olho impedia a falsidade

Quem não lembra da “Detalhes”
Lanchonete do Tunico
Ali temos lembranças de como nos divertimos
Mesinhas lá fora, contornando o corredor
Ao lado o ponto de táxi
A conversa ficava boa...
A cantoria tbem
Quanto mais se bebia, mais se cantava bem!
Muitas risadinhas, recadinhos pra valer
Mas caia a noite, a gente aborrecia
Pois aos pais ainda se obedecia

Ahh! Se o muro da escola falasse!
Huuuum! Com certeza iria dizer:
Onde vão esses jovens, sem a diretora saber?
A gente pulava sim...
De que jeito eu não sei!
Uns puxavam os outros
Sem nem um barulho fazer
Alguns caiam do outro lado
Chegavam a se ralar
Mas tudo em silencio
Não podia reclamar
A risada abafada;
com as mãos na boca;
E os olhos a lacrimejar.

Se fugia da escola
Pra em alguma festinha ir
Bastava um vitrola a tocar
Que a festa começava a rolar

Tudo era tão simples
Se era tão feliz!
Alguns ficavam na sala
Sem coragem de ir

Mas era só brincadeira não
Tinha prova sim
E quando vinha o N.A.
Soava como um trovão
Mas a gente se virava
Todos se ajudavam
Se fosse preciso na recuperação
Outra prova aparecia
do amigo do lado ou de trás
Que escrevia no cantinho da folha:
Coloque seu nome e entrega e me passe a sua vazia

São lembranças de um tempo
Que não voltará jamais!
Aquela nossa viagem
Lá pelas praias do sul
O que foi aquilo?
Sonho, magia, encanto no meio de alegria
Era tudo o que se via

O mar sem fim
Noite cheia de estrelas
Uma areia quentinha
Um céu bem azul
Sem se ver o infinito
Correndo praia afora a gente ia indo
Carregado de esperando
E o rosto sempre sorrindo

Só olhando as fotos
Já da para se perceber
A gente foi tão feliz...
Sem nem ao menos saber

É amigos, vivemos tantas coisas
Que mal posso recitar
Pois escreveria muito sobre nós
E não conseguiria acabar
Pois amizade não tem pontuação
Não existe ponto final
Pois não acabou ainda
Voltamos a nos encontrar
Foi apenas alguém dar um toque
E todo mundo respondeu
Parecia na verdade que só adormeceu
Um sentimento tão lindo que nunca morreu
Prova disso estamos aqui
Mostrando que essa amizade sempre há de existir!
  

Autora: Sandra Mello

Vídeo:

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