A sorte me sorriu e fiquei a menos de dois metros do Papa


Sou católica e cresci gostando de João Paulo II, acompanhando a cobertura de suas visitas pelo Brasil. Depois fiquei esperando a fumaça branca aparecer na chaminé da Capela Sistina, veio Bento e confesso que ele não cativou meu coração. Mas “Habemus Papam”, e chegou Francisco, e esse, nossa, esse é o cara.
Um homem que é contra as extravagâncias da igreja católica, que faz de fato caridade – leiloou sua moto para dar dinheiro aos mais necessitados, dizem que anonimamente alimenta pobres de Roma, entre outras coisas que comprovadamente ele faz – e o que é mais importante nos dias de hoje, ele é tolerante. Uma pessoa que não vê as minorias com maus olhos, que não coloca a igreja católica como a única forma de crer em Deus e que é contra a obsessão da Igreja com aborto, casamento gay e contracepção. Ele é o que todos nós deveríamos ser. Um exemplo a ser seguido – dica para o pessoal que apoia um certo candidato aí.
É claro que eu queria conhecer esse cara, mas estava parecendo que seria impossível, pois eu não agendei a visita, em minha única quarta aqui na cidade. Mas eu realmente gosto dele, então quando soube que aos domingos ele também faz uma breve aparição, lendo o “Angelus” de sua janela no Vaticano, eu resolvi que iria na missa, simplesmente para vê-lo, de longe.
No sábado eu havia estado em Pompeia, acordado muito cedo e andado o dia todo. Do meu hotel até o Vaticano são quase 5km, que eu faria a pé, pois não estou usando transporte público aqui em Roma. Mesmo assim eu iria. Apesar de eu não frequentar a igreja, Deus é muito presente em minha vida. Temos de fato uma relação íntima, queria ir para agradecer minha viagem e também todas a oportunidades que a vida tem me dado.
Fui... acordei cedo e com a ajuda do Maps, cheguei em ponto para a missa. Dez da manhã. No caminho percebi que as pessoas estavam com alguns ramos na mão e me dei conta que se tratava do Domingo de Ramos.
Domingo de Ramos é uma festa móvel cristã celebrada no domingo antes da Páscoa. A festa comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento da vida de Jesus mencionado nos quatro evangelhos. Na liturgia romana, este dia é denominado de "Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor".
Lembro que a vó sempre queria ir nessa missa, pois era especial. Sendo especial, comecei a ficar atenta nas conversas de rodas de beatas, até que ouvi o que eu esperava; uma mulher disse em Italiano, alguma coisa que entendi como “O papa vai celebrar essa missa”. Fiquei afoita, cheguei tarde para garantir um bom lugar, fiquei lá atrás. Com minha miopia, o papa era apenas um pontinho vermelho no altar. Mas acompanhei toda a missa com fervor, afinal, era o nosso Chico que estava lá.
Tentei ficar perto da grade, para que, caso o Papa passasse no papa móvel eu pudesse avista-lo. Estava na segunda fila, digamos assim, pleiteando por uma vaguinha na grade, que estava quase se tornando real, quando uma menina pequena, empurrada por sua avó, se meteu nela. Fiquei muito brava, estava ali há mais de hora e a senhora simplesmente roubou meu lugar.
A raiva me fez refletir. O que eu estava fazendo ali? Do que adianta ir na missa e ser egoísta, não praticar a caridade, não ter compaixão? Pedi perdão a Deus e resolvi ser uma pessoa melhor, deixando isso para lá. Eu já estava ganhando... assisti uma missa inteira com um cara que admiro. O que mais podia querer?
Pois bem, ele embarcou em seu carro e começou a passar por todos os corredores, eu ainda iria conseguir ver algo. Foi quando o cara da minha frente olhou para mim e perguntou: “Quer vir aqui?” em italiano – nessas horas entendo tudo – e eu disse sim e agradeci.
Papa Francisco passou a menos de dois metros de mim. Caí em prantos e, ainda agora, quando lembro do momento, é impossível conter as lágrimas. Não sou dada a beatismo, muito menos ao fanatismo religioso, mas a presença dele é tão forte, tão iluminada, é como se a gente pudesse sentir o bem presente ali.
Mais uma vez deu tudo certo.
O Papa Francisco é sem dúvidas alguém que merece ser seguido e visto como um exemplo. Esse papa nos aproxima ainda mais de Deus.


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2 Comentários

  1. Sou espírita e admiro muito o papa Francisco... Ele sim prova todos os dias o real significado do cristão, em suas atitudes.
    Imagino a emoção e a energia carregada de amor que vc sentiu com a presença do papa.

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  2. Carol, essa foto foi você que tirou? Foi no dia em que ocorreram os fatos narrados?

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